quarta-feira, 28 de março de 2012

Voluntariado empresarial: minha homenagem à liderança de Cristina Y. Fernandes

A foto ao lado, tirada por Andrea Goldschmidt, da Apoena Sustentável, é do grupo técnico constituído por membros de organizações não governamentais, consultorias e equipe de profissionais da Fundação Itaú Social. Foi tirada no final do ano, quando realizamos um balanço das atividades realizadas em 2011. A reunião foi na Txai, inaugurando a fase de visitas a cada organização membro do grupo que assessora as ações de voluntariado empresarial no Itaú Unibanco.

Ontem, 27 de março de 2012, foi a despedida da Cristina Yoshida Fernandes da Fundação Itaú Social, onde estava à frente do Programa Voluntários Itaú Unibanco. Ela quer levar essa experiência toda para outros lugares, outros temas, vivenciar outros desafios, como acontece na vida de todo mundo de tempos em tempos. Tem algo mexendo dentro da gente que faz sair em voo livre para encontrar novas oportunidades para expressar o que trazemos de singular para o mundo. Assim acontece com a Cris, que liderou durante alguns bons anos o programa de voluntariado empresarial mais importante do país, na minha humilde opinião.

Cris liderou o programa com um encanto especial pelo desafio. Eram muitos! Ela soube aliar o compromisso com temas sociais relevantes com a identidade da organização, bordando, construindo pontes, provocando encontros nunca antes imaginados entre negócios e desenvolvimento social. Quando vejo gente bacana como a Cris, lembro da frase que sempre cito nas palestras: “O desenvolvimento sustentável não pode ser alcançado por um país sozinho. Não pode ser alcançado em uma só esfera, como a economia. Esta prática exigirá certas parcerias nunca antes estabelecidas na História” Cumprindo o Prometido - WBCSD, 2002


Não é tarefa simples, muito menos fácil. Tem horas que o mundo empresarial e sua lógica, seus rituais, sua linguagem toda própria quer invadir a prática social sem se dar conta de que o terreno exige humildade, sensibilidade, atenção para peculiaridades que, afinal de contas, geram aprendizados relevantes para a empresa. Tem horas que o mundo do social, seus atores e organizações com sua lógica, seus rituais, sua linguagem toda própria quer invadir a prática das empresas sem se dar conta de que o terreno exige também humildade, sensibilidade, atenção para peculiaridades que geram os aprendizados as organizações da sociedade civil e do governo.

É preciso ser um artista para promover esse diálogo fértil considerando a diversidade. E a Cris fez um trabalho excepcional porque é esta artista do invisível, como diz o Alan Kaplan em seu livro “Artistas do Invisível”, da Editora Peirópolis. Com um sorriso largo e muita disposição para ouvir e aprender, disse a que veio e contribuiu significativamente para a construção de um programa sólido ou, mais que isso, para uma referência no meio empresarial de como é possível fazer as coisas promovendo encontros.

Um programa de voluntariado empresarial é esta tentativa de mobilizar as pessoas para um encontro que acontece na intersecção entre setores, fazeres, desejos e interesses dos mais diversos para promover o bem-comum. Cada setor, cada organização e cada profissional já devem estar inseridos no todo da sociedade contribuindo para o desenvolvimento sustentável, mas o voluntariado cria canais de comunicação e troca entre todos por meio das pessoas. No voluntariado as pessoas se expressam, os aprendizados podem fluir, acelerar, humanizar e qualificar processos de transformação da realidade. Quando a pessoa está no centro do desenvolvimento, ele é mais consistente e faz sentido para todos.

Não, a Cris não agiu sozinha e não é uma heroína solitária que enfrentou dragões. Ela soube articular-se e articular em volta de sua tarefa um grupo gigante de pessoas que a ensinaram e aprenderam com ela, que juntaram forças e aprimoraram abordagens e práticas. Uma líder é assim mesmo, capaz de se fazer presente, de não sumir na multidão e fazer com essa multidão tenha nome, rosto, histórias, identidade. Não sei o que a Cris vai fazer daqui pra frente, mas o que deixou de contribuição nestes anos em que esteve à frente do programa de voluntariado empresarial do Itaú Unibanco a credenciam para que seja sempre considerada. É bom prestar atenção na Cris.