domingo, 7 de agosto de 2011

Seis Aulas de Dança em Seis Semanas - uma peça sobre diversidade etária e muito mais

“Seis aulas de dança em seis semanas”
Reinaldo Bulgarelli, 07 de agosto de 2011

Hoje se fala tanto de Geração Y e muitos estereótipos lhe são atribuídos na tentativa de descrever uma geração inteira de pessoas. Não funciona muito porque esquecem de traduzir o que foi produzido nos EUA para a realidade brasileira.

Mesmo as produções locais reúnem alhos e bugalhos. Num país onde faz toda a diferença o local onde você vive, sua cor de pele, raça, se você é homem ou mulher, falar de uma geração no singular é uma inutilidade para os gestores e um desserviço para os tais Y.

Mas, eu gosto mesmo é de me debruçar sobre a questão da diversidade etária. Mais importante do que estas tentativas de “fotografar” os X, Y, Z e Baby Boomers (a expressão em inglês denuncia a falta de tradução de que falei acima, não?), gosto de entender quais são as limitações e as possibilidades que o encontro de diferentes gerações pode oferecer para a qualidade das relações numa equipe. O foco na qualidade das relações parece ser mais interessante do que o retrato 3x4. A vida é mais complexa, rica, cheia de desafios e com as possibilidades de transformação de todos e do todo onde acontecem as interações.
Além disso, ninguém pode ser reduzido a um dos seus marcadores identitários, como ter nascido numa determinada época. Os marcadores são importantes quando abordados de maneira sistêmica, interagindo com orientação sexual, classe social, estilo de vida e tantos outros. Se fosse possível isolar a praga do preconceito num único tipo, por exemplo, a vida seria muito sem graça. O divertido é perceber que a qualquer momento podemos nos defrontar com algo novo que nos desafia a ultrapassar fronteiras ou muros que nós mesmos erguemos ou mantemos no jardim.

Tudo isso está na peça “Seis Aulas de Dança em Seis Semanas”, de Richard Alfieri, direção de Ernesto Piccolo e realização do MESA 2. A convite do Fernando Cardoso, do Mesa 2, fui assistir a peça na última sexta-feira, dia 05 de agosto. A peça fica em cartaz até início de outubro. Duas pessoas, de diferentes gerações, se encontram em torno de uma tarefa comum: aulas de dança. Descobrem o que têm em comum e o que não têm, mas constroem uma relação rica exatamente nesta combinação da igualdade e da diferença, do que há de semelhante e divergente.
Recomendo a todos aqueles que estudam o tema da diversidade etária no ambiente de trabalho e, claro, para quem quiser se divertir numa peça que faz rir e chorar. Difícil que alguém não se identifique com estes dois personagens interpretados por Suely Franco e Tuca Andrada. Assim é a vida. Difícil que ninguém encontre no outro, por mais diferente que seja, algo em comum. Sai da peça, com meu amigo Luiz Paulino, pensando nas muitas histórias vividas que aqueles minutos conseguiram colocar no palco.