quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"Existirmos, a que será que se destina?" - Curso Gestão de Organizações do Terceiro Setor

Terceiro Setor
Começa hoje um dos cursos que coordeno no PEC/FGV SP - Gestão de Organizações do Terceiro Setor. Percebo que muitos profissionais vão buscar o curso na esperança de "importar" conhecimentos do mundo empresarial. É interessante e o mundo empresarial tem muito a ensinar para as organizações da sociedade civil, contudo, o inverso também é verdadeiro. Seguem algumas das minhas ideias que coloco para discussão no curso.

1. Há organizações do terceiro setor que incorporam sem críticas o que há de pior no mundo empresarial. Entendem que, para ser eficientes, efetivas e eficazes, é preciso apenas copiar ideologias, práticas de gestão, métodos e sistemas e sistemas utilizados pelas empresas. Tornam-se um clone sem alma de algo que também está sendo questionado. Empresas? Quais empresas, que mundo empresarial, quais referências servem e não servem para as ONGs? Enquanto há empresas que querem aprender com ONGs e precisam delas como referência para entender questões como engajamento, mobilização social,intangível, responsabilidade social etc., muitas ONGS tentam fazer o caminho inverso e olham para o passado do mundo empresarial ou o que há de pior nele como fonte de inspiração. As ONGs têm muito a aprender com as empresas e vice-versa, mas é preciso ter uma postura crítica, ‘traduzir’ conceitos e práticas e não assimilar mecanicamente e repetir sem inovação o que deve ser superado.

2. A sustentabilidade mora na qualidade das relações. As pessoas determinam e são determinadas pela qualidade das relações que envolvem, por sua vez, processos, sistemas, condutas, formas de ser e de fazer negócios. Devemos e podemos buscar respostas para evitar lesões aos direitos humanos, adicionar valor, reduzir custos, promover a responsabilidade social e criar meios para que a sociedade alcance patamares mais sustentáveis.