domingo, 28 de junho de 2015

Dia do Orgulho LGBT

Dia do Orgulho LGBT
Reinaldo Bulgarelli
28 de junho de 2015

Esse colorido todo proporcionado pelo Facebook não é apenas por conta da aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo pela Suprema Corte dos EUA. Estamos no mês do Orgulho LGBT e a data central é justamente hoje, 28 de junho, motivo pelo qual a Suprema Corte dos EUA e organizações de outros países anunciam medidas a favor dos direitos LGBT.
Não foi o início do movimento por direitos LGBT, muito antigo, mas é a data que acabou imperando nas últimas décadas por conta da revolta ocorrida no bar Stonewall, em Nova York, dia 28 de junho de 1969. A polícia invadiu o bar, agrediu homossexuais e pessoas trans, como sempre fazia, mas a diferença é que encontrou resistência.
O resto da história a gente já conhece. Estamos vivenciando vários avanços, não sem conflitos, na conquista da igualdade de direitos, oportunidades iguais e igualdade de tratamento para a população LGBT.
Há quem veja movimentos de equiparação de direitos, todos eles, como movimentos para destruir os direitos dos outros. Sim, há a questão de acabar com privilégios de grupos que se entendem como normais, corretos, melhores ou a única maneira certa de viver a vida, por isso os conflitos.
Há interesses em jogo e há quem eleja a comunidade LGBT, como segmento excluído do status de normalidade e aceitação social, para se projetar, ganhar dinheiro ou ganhar poder político. Nada como eleger um inimigo para poder se fortalecer, dentro desta lógica maquiavélica para ganhar mais poder, fama e dinheiro.
A proposta do movimento LGBT e seus aliados é a de promover direitos iguais e, com isso, promover também uma cultura de respeito às orientações sexuais e identidades de gênero que não foram consideradas como respeitáveis por questões das mais variadas, não apenas religiosas.
O uso da religião para afirmar privilégios de pessoas heterossexuais ou cisgêneras é uma delas e a mais presente hoje no Brasil. Há grupos que abertamente manipulam a religião para manter seus privilégios, por exemplo, fazendo uso de alguns trechos de textos destas religiões e esquecendo outros. Por que não viver de acordo com todos os outros preceitos do texto que é sagrado para essas pessoas ou grupos?
A ONU recentemente lançou a campanha "Livres e Iguais" para reafirmar que todas (todas!) as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. O vídeo lançado em maio (https://www.youtube.com/watch?v=8qsSlomXuzE) é para marcar esse período no qual há várias datas que lembram o enfrentamento da homofobia e o dia de hoje, do Orgulho LGBT. Portanto, os homofóbicos, que negam direitos iguais a homossexuais e pessoas trans, ficam ainda mais violentos e atacam tanta visibilidade e presença na mídia, mas são dois meses especiais para a comunidade.
Afirmar o orgulho LGBT não é afirmação de que há uma "raça superior". Isso os homofóbicos o fazem ao negar respeito e direitos iguais. O orgulho se contrapõe à vergonha de ser homossexual ou travesti e transexual, imposta por quem se considera normal e, portanto, superior. As Paradas e outras manifestações neste período fazem parte desta busca por dar visibilidade às situações adversas enfrentadas pelas pessoas LGBT, mostrar suas propostas para garantir direitos iguais e a importância do respeito.
Você que coloriu a sua foto a convite do Facebook, seja porque é da comunidade LGBT ou porque é solidário à ideia de respeito e direitos iguais, pode ficar "colorido" até o final do mês. Há quem queira ficar colorido para sempre, dando visibilidade a este aspecto de sua vida ou de suas crenças, de seu ativismo ou de sua busca por afirmar cotidianamente o orgulho de ser LGBT ou solidário às agendas da comunidade.
Os que se incomodam, continuarão se incomodando, usando até fotos de crianças famintas para disfarçar sua homofobia numa forçada e repentina solidariedade com a África (e suas religiões?). É até bom sinal, penso eu, que estejam começando a ter vergonha de afirmar sua homofobia tão abertamente e precisem usar de faces famintas e não as próprias. É covarde e mais uma prática de violência, mas isso a comunidade LGBT e quem é solidário a ela já conhece, portanto, não há novidades.
A agenda por direitos iguais é longa porque ainda são muitos os direitos negados às pessoas LGBT. Estamos longe, assim, da igualdade de oportunidades e de tratamento. Mas, os avanços são visíveis em todos os campos e é bom não esquecê-los porque são fruto do trabalho de muita gente que nos antecedeu.
Haverá um dia em que nada dessa conversa sobre direitos iguais será necessária? Tomara, mas tudo indica que, mesmo alcançando igualdade de oportunidades e tratamento, sempre haverá alguém, com maior ou menor apoio, para dizer que ser LGBT é contra a religião, a família, o Estado, isso e aquilo. Há questões que são históricas e persistentes no nosso caminho como humanidade, com gente sempre pronta pra nos usar em busca de privilégios, alcançar fama, poder e dinheiro.
Portanto, cuide-se bem porque o caminho é longo, mas não é mais tão solitário como já foi um dia. Basta ver esse colorido que ganhou as páginas do Facebook.