quinta-feira, 10 de março de 2011

Salário das mulheres cai em relação ao dos homens

Canal RH
Salário das mulheres cai em relação ao dos homens
quinta-feira, 10 de março de 2011
por Lígia Carvalho

Estudo realizado pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos (Dieese), na região metropolitana de São Paulo, revela que o salário médio das mulheres caiu de 79,8% para 75,2% em relação ao dos homens no comparativo entre 2009 e 2010, rompendo a tendência de equiparação dos salários por gênero que ocorria desde 2000, quando o salário feminino era 73,6% do masculino.

O coordenador da pesquisa, Alexandre Jorge Loloian, da Fundação Seade, acredita, entretanto, que a primeira década do século 21 foi positiva para as mulheres. Ele atribui o aumento da desigualdade salarial entre os sexos, principalmente ao crescimento econômico mais concentrado na indústria, nos últimos anos. Loloian explica que a indústria é o setor que paga os melhores salários e é também predominantemente masculino e como foi o setor que mais cresceu, acabou contribuindo para o desequilíbrio da remuneração por gênero.

Ele admite que ainda há um longo caminho a se trilhar em favor da igualdade entre os gêneros no mercado laboral, mas ressalta que o processo está em andamento, principalmente no que tange às profissões que exigem formação superior. “O número de profissionais femininas com escolaridade superior é de 53,6% da população pesquisada, enquanto os homens com diploma universitário somam 51,3%”, informa o coordenador.

A pesquisa revela que o percentual de população com nível superior completo na região metropolitana de São Paulo saltou de 11,7%, em 2000, para 15% em 2010, sendo que entre as mulheres esse percentual é ainda maior: 17,1% das profissionais na região pesquisada completaram curso superior, enquanto os apenas 13% dos homens alcançaram o mesmo patamar acadêmico.

Serviço doméstico

Outro aspecto que demonstra as melhorias no mercado laboral para as mulheres é o fato da taxa de desemprego feminino estar em queda. De 2009 para 2010, o desemprego feminino caiu de 16,2% para 14,7%, com aumento de oportunidades em todas as áreas, exceto no serviço doméstico, que é o de remuneração mais baixa e com menor nível de formalidade (carteiras assinadas).

“A redução do número de mulheres no setor doméstico foi surpreendente. O cenário mudou, o número de mulheres em serviços especializados com engenharia, advocacia e arquitetura aumentou e não para de crescer a quantidade de mulheres que ocupam vagas antes consideradas masculinas”, observa Loloian.

Na opinião de Andrea Marcelino, sócia da Ramagui, consultoria em recursos humanos, apesar da emancipação feminina e do forte desenvolvimento profissional das mulheres, ainda há uma série de desigualdades, principalmente em cargos médios. A consultora acredita que a diferença de salários não ocorre por questões profissionais, mas está relacionada com heranças culturais.

“Contrato pessoas para cargos executivos há 15 anos, nunca observei uma diminuição de salário pelo fato da profissional ser mulher; por outro lado, em posições de menor responsabilidade essa diferença ocorre e creio que é um reflexo do passado, do tempo em que as mulheres tinham um papel mais voltado para as relações familiares”, comenta.

Ao analisar o fato de hoje haver mais mulheres com curso superior do que homens, a consultora ressalta o esforço das profissionais femininas em superar o preconceito no ambiente laboral para ocupar os postos de nível hierárquico mais elevado. “O preconceito diminui quando a mulher apresenta qualificações técnicas acima da média encontrada”, destaca Andrea.

A consultora admite, entretanto, que ainda é grande a preocupação com licenças maternidade, saídas para acompanhar filhos ao médico e outras atribuições voltadas ao âmbito familiar, principalmente para cargos de menor exposição.

Salário das mulheres cai em relação ao dos homens